Autor:
António M. Mendes
Field Application Specialist da SGS Portugal
Sabe o que é o microbioma do solo e o seu papel na agricultura sustentável? Entenda como beneficia as culturas e impacta a produção de alimentos saudáveis.
São responsáveis pela produção de biomassa, pela conservação da biodiversidade, filtram a água, ajudam a suprimir pragas… As tarefas desempenhadas pelos solos são várias, ainda que invisíveis para o cidadão comum, o que não impede, no entanto, de nos beneficiarem enquanto sociedade. Benefícios que, por isso mesmo, motivam o interesse de investigadores, com foco sobretudo na importância do microbioma do solo e do seu impacto nos ecossistemas saudáveis, mas também na saúde dos humanos e dos animais.
O que é o microbioma do solo?
O microbioma refere-se à comunidade de micróbios e às relações e substâncias que geram, impactado por vários fatores de ordem espacial e temporal, e pode ser encontrado nos humanos, animais, plantas, oceanos e, como é este o caso, nos solos. Contas feitas, mais de 50 mil espécies de micróbios podem ser encontradas num grama de solo, o que o torna a comunidade geneticamente mais diversificada do planeta, apesar de menos de 1% deste tipo de microbioma ter sido estudado até ao momento.
Para que serve este microbioma?
Os microbiomas do solo são recursos importantes para a agricultura, uma vez que os micróbios benéficos podem melhorar o crescimento das plantas e a absorção de nutrientes das mesmas, podem aumentar o rendimento das culturas, remover contaminantes, inibir os agentes patogénicos e produzir azoto fixo ou novas substâncias, pelo que desempenham um papel fundamental na determinação do conteúdo nutricional dos nossos alimentos.
As suas funções são, na realidade, tão variadas como importantes, sobretudo para a agricultura. De facto, os micróbios sustentam muitos processos e funções do solo essenciais à sustentabilidade dos sistemas agrícolas:
- dinâmica do carbono - decomposição e síntese de matéria orgânica;
- ciclagem de nutrientes - decomposição, transformação, fixação de azoto e absorção de nutrientes pelas plantas;
- estrutura e manutenção do solo - agregação e transporte de partículas;
- regulação biológica da população - controlo de pragas e doenças.
Importante é também referir que as práticas de gestão agrícola alteram o solo e têm impacto nas comunidades microbianas que o compõem, um impacto que pode ser negativo ou positivo (por exemplo, o aumento da diversidade, composição e abundância de micróbios benéficos).
O que significa que o conhecimento deste é importante para ajudar a melhorar a capacidade produtiva do setor agrícola e ainda a sua capacidade de mitigar e de se adaptar às alterações climáticas.
Até porque as alterações no microbioma podem causar mudanças nas funções do solo. Por exemplo, se o tipo e o número de espécies microbianas forem alterados, as atividades que estes realizam podem ser, consequentemente, diferentes. E, apesar de as alterações não serem incomuns, quando estas são profundas e generalizadas podem ter implicações negativas e significativas a longo prazo.
O que pode alterar o microbioma do solo?
Tendo em conta que, de acordo com as estimativas existentes, a população mundial deverá atingir os 9,7 mil milhões em 2050, com um consequente aumento da procura de alimentos e água, isto significa, ainda de acordo com as projeções feitas, que vai ser necessário um aumento da produção de alimentos na ordem dos 70%.
Para dar resposta a este cenário, a agricultura tem evoluído, tem-se intensificado, recorrendo a tecnologias cada vez mais avançadas, produtos químicos e fertilizantes, o que altera o fluxo de nutrientes nos ecossistemas agrícolas e destrói relações que começam com os microrganismos.
A bioquímica do solo mudou com o aumento de produtos químicos; há uma perda de diversidade microbiana e isso reflete-se em desequilíbrios. O uso extensivo de fertilizantes até pode ter resultado num maior rendimento, mas este fez-se à custa da deterioração da saúde do solo, que se degrada cada vez mais, com o tempo, devido à acumulação de resíduos de pesticidas. Mudanças que impactam o ecossistema do solo, também ele diferente, menos saudável, o que perturba o ecossistema vegetal, comprometendo a qualidade dos alimentos com o objetivo de satisfazer a procura crescente de rendimento.
Mas falar de solo saudável é falar de muito mais do que apenas a sua aptidão para uma cultura: inclui ainda a forma como é capaz de prestar serviços ecológicos. E a diversidade do microbioma do solo é a manifestação da sua saúde.
Por tudo o que já foi dito, não há dúvidas que uma melhor compreensão do microbioma do solo tem o potencial de ajudar no desenvolvimento de soluções inovadoras para problemas globais de insegurança alimentar e subnutrição, degradação ambiental e alterações climáticas.
A ciência, a tecnologia e a inovação a este nível podem, de facto, transformar a forma como são geridos os recursos naturais, desde a obtenção de alimentos à melhoria da saúde das pessoas e dos ecossistemas.
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