EUDR e a indústria do papel: desafios e oportunidades

Autora:
Natacha Simões
Product Manager da SGS Portugal

O EUDR exige cadeias de abastecimento livres de desflorestação. Descubra como a indústria do papel será impactada e o que precisa de fazer para lhe dar resposta.

A entrada em vigor do Regulamento de Desflorestação da União Europeia (EUDR) representa um grande desafio para vários setores, incluindo a indústria do papel, que tem um impacto significativo nas florestas. Segundo a WWF, esta indústria é uma das maiores do mundo, responsável por 13 a 15% do uso total de madeira e por 33 a 40% da madeira industrial comercializada globalmente.

Com o aumento da consciência ambiental de consumidores e empresas, cresce também a pressão sobre este setor. O EUDR surge, assim, como um passo crucial para mitigar a desflorestação e a degradação florestal, exigindo que as empresas garantam cadeias de abastecimento livres de desflorestação. Isso implica uma rastreabilidade rigorosa da origem das matérias-primas, comprovando que não provêm de áreas desmatadas.

Para o setor do papel, isso torna a Diligência Devida indispensável, uma vez que o regulamento entra em vigor para muitas empresas já no final de 2025. O não cumprimento pode resultar em penalizações severas, incluindo multas, confisco de produtos e restrições de comercialização.  

Produtos abrangidos pelo EUDR na área da indústria do papel

Muitos produtos da indústria da pasta de papel, papel e impressão enquadram-se no EUDR porque utilizam madeira e os seus derivados. Estamos a falar de:

• Papel, desde aquele que usamos para escrever ou imprimir e ainda o destinado a trabalhos manuais ou papel para recibos, cartões e envelopes, etc.
• Embalagem, de caixas de cartão, a outras à base de papel.
• Livros e produtos impressos, como panfletos, jornais e revistas
• Produtos de higiene, como toalhas de papel, papel higiénico, guardanapos, fraldas, entre outros.
• Artigos para festas, como copos e pratos de papel, guardanapos e filtros.

Desafios para os setores da pasta de papel, papel e impressão

Quando se trata das fábricas de pasta de papel, os desafios associados ao cumprimento do EUDR são vários. Os métodos tradicionais de rastreio de matérias-primas levam frequentemente a imprecisões e ineficiências; os inventários manuais de stock podem ser propensos a erros e, sem um rastreio preciso, torna-se difícil comprovar que os materiais não estão a contribuir para a desflorestação.

Uma outra questão essencial neste e em vários outros setores é o grande volume de dados que precisam de ser recolhidos e tratados, o que vai implicar uma preparação por parte das empresas e requer uma recolha abrangente de todos os fornecedores da cadeia de abastecimento.

Principais requisitos

O EUDR exige a monitorização das cadeias de abastecimento para que as empresas possam garantir a origem das matérias-primas e a forma como foram obtidas, assegurando a rastreabilidade com informação precisa e verificável sobre onde a madeira foi colhida e como o papel foi produzido.

A isto junta-se a necessidade de avaliações de risco e ainda de planos de mitigação destes mesmos riscos, caso se venham a verificar.

Desafios transformados em oportunidades

É verdade, como referimos acima, que o EUDR representa um desafio para as empresas de pasta de papel, papel e impressão, mas também oferece a oportunidade de desenvolver modelos de negócio mais sustentáveis e de atingir metas de sustentabilidade, reforçando a competitividade no mercado.

Ao acrescentar um novo nível de responsabilidade, incentiva as empresas a melhorarem a transparência e a rastreabilidade nas suas cadeias de abastecimento.