Segurança na indústria e a prevenção de riscos

Autor:
João Paulo Alves
Coordenador da Escola de Segurança Fire & Safety da SGS Portugal

A segurança na indústria é essencial, assim como conhecer a melhor forma de prevenir riscos e criar ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis.

De acordo com as recentes estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 2,9 milhões de trabalhadores em todo o mundo perdem a vida todos os anos na sequência de acidentes e doenças profissionais, aos quais se juntam 402 milhões de lesões não fatais associadas ao trabalho, sendo o setor industrial um dos que mais preocupa, assim como as questões de segurança na indústria.

Um custo humano que se faz ainda acompanhar por um encargo económico substancial, que representa, anualmente, qualquer coisa como 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) global.

Este impacto levou mesmo as Nações Unidas, na sua Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a identificar a segurança e a saúde no trabalho como um elemento fundamental para alcançar tanto o trabalho digno (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 8) como a saúde e o bem-estar (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3).

Uma melhor compreensão da dinâmica da segurança no trabalho é, por isso, fundamental para a criação de ambientes mais seguros e saudáveis em todos os setores, e particularmente nos espaços industriais, onde as máquinas e equipamentos pesados, os materiais perigosos (químicos, biológicos ou físicos), os fluxos de trabalho complexos e as tarefas interdependentes, assim como as metas de produção de alta pressão tornam este um tema essencial e urgente, exigindo protocolos rigorosos e uma cultura organizacional que priorize consistentemente o bem-estar dos trabalhadores.

De facto, os riscos de segurança na indústria são inúmeros e até os pequenos lapsos de atenção ou pequenas falhas nos protocolos podem ter como resultado consequências graves não apenas para o indivíduo, mas para equipas ou operações inteiras. Falamos de:

• riscos mecânicos, que envolvem máquinas em movimento, ferramentas afiadas ou equipamentos defeituosos;
• riscos químicos, associados à presença de substâncias perigosas, vapores tóxicos ou produtos inflamáveis;
• riscos ergonómicos, que são resultado de posturas inadequadas e movimentos repetitivos;
• riscos elétricos, prevalentes em setores que utilizam equipamentos de alta tensão;
• riscos psicossociais, resultantes do stress, sobrecarga de trabalho ou falta de reconhecimento;
• riscos ambientais, que incluem ruído, calor extremo ou poeiras.

Perceção do risco e segurança na indústria

Um fator essencial, que influencia os comportamentos de segurança dos trabalhadores, é a sua perceção dos riscos profissionais. As atitudes dos trabalhadores e o facto de acreditarem que a segurança é valiosa é muito importante, uma vez que os torna mais propensos a agirem de forma segura, a priorizarem ou ignorarem as questões de segurança e a sentirem-se capacitados para agir em conformidade.

A perceção de risco tem um impacto direto na prevenção de acidentes, porque os trabalhadores que identificam claramente os perigos e compreendem a sua gravidade tendem a adotar comportamentos mais seguros, ao contrário dos que subestimam esses riscos; fazem as avaliações de risco antes da realização de tarefas que os podem expor a perigos; usam o equipamento de proteção individual, assim como adotam e cumprem os procedimentos de segurança.

De facto, de entre os fatores que podem levar a comportamentos inseguros estão a falta de compromisso dos trabalhadores com a segurança, o que os torna menos propensos a seguirem regras e procedimentos; os comportamentos que aumentam a probabilidade de acidentes, como a falta de respeito pelas etapas de procedimentos para poupar tempo, ou a falta de atenção resultante da familiaridade com determinadas tarefas.

A importância da formação

A formação é essencial em todos os setores, mas mais ainda quando se trata de reforçar a segurança na indústria, sobretudo quando o objetivo é incutir uma forte cultura de prevenção em todos os trabalhadores, ajudando a mudar comportamentos, a disseminar uma visão partilhada da prevenção de riscos e a fortalecer as competências da equipa em relação a temas de segurança.

É uma das melhores formas de envolver e capacitar os trabalhadores, o que pode ser feito através de formações online, workshops interativos, exercícios de simulação ou webinars, devendo esta formação ser adaptada às necessidades específicas de cada cargo ou ambiente de trabalho.