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Transição energética: os obstáculos para as empresas

Blog SGS PortugalESG21 Aug 2025

Autora:
Tânia Domingues
Sustainability and Energetic Transition Manager da SGS Portugal

A transição energética está a moldar o futuro da energia, uma realidade inevitável que coloca vários desafios às empresas. Conheça-os aqui.

A descarbonização do sistema energético global constitui o principal vetor estratégico da transição energética, um processo que, no contexto atual, se revela simultaneamente imprescindível e urgente. Trata-se de uma transformação estrutural profunda, que implica a substituição progressiva de fontes de energia baseadas em combustíveis fósseis por fontes renováveis e de baixo carbono. Este processo de transição, pela sua complexidade e abrangência, levanta múltiplas questões técnicas, económicas e regulatórias, representando, para muitas organizações, um conjunto significativo de desafios operacionais, tecnológicos e de adaptação estratégica.

Política e regulamentação na transição energética

Um dos principais motores da aceleração da transição energética na União Europeia tem sido a implementação de políticas públicas e diretivas comunitárias, orientadas pela necessidade de mitigar os efeitos das alterações climáticas e alcançar a neutralidade carbónica até 2050, conforme estabelecido no Pacto Ecológico Europeu.

Estas políticas traduzem-se num conjunto de instrumentos legislativos e regulatórios, como o pacote "Fit for 55", que visa reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em pelo menos 55% até 2030.

Entre as diretivas mais relevantes destacam-se:

  • A Diretiva das Energias Renováveis, que estabelece metas vinculativas para a incorporação de fontes renováveis no consumo energético dos Estados-Membros;
  • A Diretiva da Eficiência Energética, que coloca a eficiência como princípio orientador da política energética da UE;
  • A Estratégia para a Integração do Sistema Energético, que promove a interligação entre setores e a digitalização das redes;
  • A Estratégia para o Hidrogénio, que apoia o desenvolvimento de tecnologias limpas baseadas em hidrogénio verde.

A conformidade com este enquadramento normativo é essencial tanto na fase de investigação e desenvolvimento (I&D) de novas tecnologias energéticas, como na sua implementação prática, assegurando que estas soluções estejam alinhadas com os Planos Nacionais Integrados em matéria de Energia e Clima (PNEC), obrigatórios para todos os Estados-Membros.

As barreiras técnicas

Quando se analisam as barreiras técnicas à transição energética, é essencial considerar um conjunto de fatores interdependentes que afetam a viabilidade, escalabilidade e integração das novas soluções energéticas:

  1. Armazenamento de energia: A capacidade de armazenar energia de forma eficiente, económica e em larga escala continua a ser um dos maiores desafios, especialmente para compensar a intermitência das fontes renováveis (como solar e eólica).
  2. Fiabilidade e resiliência da rede elétrica: A crescente penetração de fontes descentralizadas e variáveis exige redes mais inteligentes, com capacidade de resposta em tempo real, gestão de fluxos bidirecionais e maior resiliência a falhas.
  3. Inovação tecnológica: A necessidade contínua de desenvolver novas soluções (como baterias de nova geração, hidrogénio verde, redes inteligentes, etc.) é crítica para permitir a expansão e a eficiência dos sistemas energéticos sustentáveis.
  4. Maturidade tecnológica: Muitas tecnologias emergentes ainda se encontram em fases iniciais de desenvolvimento (TRLs baixos), o que limita a sua aplicação comercial e a atratividade para investimento.
  5. Integração com infraestruturas existentes: A modernização de infraestruturas (como redes de transporte e distribuição) é complexa e dispendiosa, exigindo compatibilidade técnica e interoperabilidade com novos sistemas.
  6. Gestão do sistema energético: A operação de sistemas com elevada penetração de renováveis requer novos modelos de previsão, controlo e despacho, bem como soluções de flexibilidade e resposta à procura.
  7. Capacitação técnica e escassez de competências: A falta de profissionais qualificados em áreas como engenharia de sistemas energéticos, digitalização, cibersegurança e gestão de dados representa uma limitação crítica à implementação eficaz da transição.
  8. Interoperabilidade e normalização: A ausência de normas técnicas comuns pode dificultar a integração de tecnologias de diferentes fornecedores e a criação de mercados energéticos integrados.

A questão financeira

O investimento em novas tecnologias, assim como a reestruturação do sistema energético exigido por esta transição, levantam inevitavelmente a questão do financiamento. O investimento inicial em projetos relacionados com a transição energética pode ser substancial, representando desafios financeiros para as empresas. E apesar da existência de vários instrumentos que visam incentivar a transição para uma energia verde, nem sempre o financiamento público é suficiente, pelo que a exigência de investimento privado configura uma barreira que importa ter em conta.

Com a Agência Internacional de Energia a estimar, na próxima década, uma necessidade de investimento na ordem de 1 a 1,3 mil milhões de dólares no setor energético por ano, sobretudo em energias renováveis e redes energéticas, a escala de financiamento necessária para a transição energética é claramente grande.

A requalificação profissional

Também ao nível laboral há desafios que as empresas têm de enfrentar neste processo. É que a mudança para fontes de energia renováveis faz-se acompanhar por uma necessidade, em muitos setores, de requalificação dos trabalhadores.

Estas mudanças vão transformar cargos e mudar o tipo de competências exigidas em todos os setores, com o impacto a fazer-se sentir em termos de requisitos de competências e educação, seja ao nível da manutenção de equipamentos, procedimentos de segurança e inspeção de máquinas, assim como competências sociais, que passam pelo engenho, criatividade, resolução de problemas e trabalho em equipa.

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