Autor:
Miguel Lopes
Sustainability Coordinator da SGS Portugal
Estima-se que a indústria têxtil mundial seja responsável por uma pegada carbónica superior à da aviação internacional. Em março de 2022, a União Europeia veio apresentar um plano para reduzir os impactos do setor no espaço europeu.
A reboque do aumento exponencial da moda de rápido consumo, a indústria têxtil tem visto o seu impacto ambiental crescer nos últimos anos. Dados da Agência Europeia do Ambiente de 2020 apontavam para que o consumo médio de têxteis por cidadão da UE significasse a utilização de 400m2 de terreno, o consumo de 9m3 de água e 391kg de matérias-primas, além de uma pegada carbónica de 270kg — o equivalente às emissões de carbono por passageiro num voo Lisboa-Paris (ida e volta).
De acordo com a mesma agência, estes níveis de consumo por pessoa significavam que, globalmente, a indústria têxtil teria consumido 79 mil milhões de metros cúbicos de água (2015), com 20% dos quais a acabarem poluídos pelo uso de tintas e outros produtos de tratamento.
De igual modo, estima-se que a indústria têxtil seja responsável por cerca de 10% das emissões de carbono mundiais, o que coloca a indústria à frente de setores altamente poluentes, como o da aviação internacional e do transporte marítimo. A nível da União Europeia apenas, calcula-se que os têxteis consumidos no mercado comunitário correspondam à emissão de 121 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera.
O que está a União Europeia a fazer para reduzir os resíduos têxteis?
Em Março de 2022, a Comissão Europeia apresentou uma estratégia com vista à maior durabilidade e reciclagem dos produtos e fibras têxteis. Estas medidas são parte do Plano de Ação para a Economia Circular.
A nova estratégia da Comissão Europeia define, entre outras:
- Novos requisitos de conceção e fabricação ecológica para o setor.
- Criação de um passaporte digital para cada produto.
- Medidas de combate à utilização de substâncias químicas perigosas para os consumidores e para o ambiente.
- Responsabilização dos fabricantes pelos seus produtos ao longo da cadeia de valor, incluindo após a transformação em resíduos.
- Introdução de medidas para a informação dos consumidores quanto à sustentabilidade e impactos ambientais das suas decisões de compra.
- A reafirmação do rótulo ecológico da UE para uso pelos produtores que respeitem os critérios ecológicos na fabricação dos seus produtos, nomeadamente garantindo a diminuição dos impactos ambientais dos seus processos de manufatura e assegurando a limitação do uso de substâncias nocivas.
- Obrigação da recolha seletiva de têxteis a partir de 2025 por parte dos Estados-Membros da UE.
- Financiamento de projetos como o RESYNTEX — projeto financiado pela UE como exemplo de aplicação da economia circular à indústria têxtil, através da reciclagem química de peças de vestuário.
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