Sabe o que são as Novas Técnicas Genómicas e qual a sua importância na agricultura?

Autor:
Miguel Lopes
Sustainability Coordinator da SGS Portugal
 

A utilização de Novas Técnicas Genómicas é um dos aspetos fundamentais do novo Pacto Ecológico Europeu, mas será que sabe o que são as NTG?

Muito recentemente, em Julho de 2023, a Comissão Europeia aprovou o “Pacto Ecológico Europeu”, um pacote de medidas com vista à utilização mais sustentável dos solos e outros recursos naturais na União.

Este plano parte da constatação de que, atualmente, entre 60% e 70% dos solos da UE estão degradados, enquanto anualmente milhões de toneladas sofrem também de erosão, e consequente infertilidade. A UE apontou como objetivo alcançar solos saudáveis até 2050, ano em que promete também alcançar a neutralidade carbónica.

Com o intuito de reforçar o papel da agricultura e de tornar mais independente e resiliente os sistemas alimentares europeus, este novo pacote vem, entre outros, possibilitar a utilização segura de novas técnicas genómicas — o objetivo é o de desenvolver culturas mais adaptadas às alterações climáticas, reduzindo a necessidade de pesticidas químicos e procurando sementes e outras técnicas de reprodução mais sustentáveis.

O que são, então, as Novas Técnicas Genómicas?

As Novas Técnicas Genómicas (NTG) são parte da tecnológica genética, e constituem ferramentas inovadoras capazes de aumentar a sustentabilidade e resiliência das culturas agrícolas. 

Ao permitirem desenvolver variedades vegetais melhoradas (habitualmente mais resistentes a pragas ou a fatores climáticos e com desenvolvimentos mais rápidos), A NTG prometem reduzir o recurso (e os gastos associados) a adubos, fertilizantes e pesticidas. Ulteriormente, estes fatores devem ainda contribuir para a menor dependência da UE em matéria de importações agrícolas, incluindo as de adubos e fertilizantes, muito onerosas e frequentemente oriundas de países em conflito ou de grande instabilidade política. 

Porquê recorrer às NTG e não a técnicas convencionais?

A vantagem das NTG reside nas alterações mais específicas e rápidas que traz face a técnicas tradicionais. Os avanços da genética permitem produzir produtos melhores e mais seguros, mas isso não significa que a seleção de sementes e o recurso ao cruzamento entre espécies não tenha também o seu lugar.

Ainda neste considerando, a UE propõe a distinção entre plantas NTG comparáveis a plantas naturais e plantas com “modificações mais complexas” (OGM).

Reconhecendo a necessidade de criar perfis de risco e procurar não apenas a monitorização rigorosos como a transparência de produtos obtidos com base em NTG, a Comissão Europeia acredita que este tipo de medidas se traduzirá em benefícios sociais, económicos, mas também ambientais no longo prazo, protegendo a biodiversidade na UE e atenuando as consequências das alterações climáticas.