O que é o hidrogénio verde?

Autora:
Cristina Campos
Consultora e Formadora SGS Academy
 

No seguimento do Acordo de Paris, a União Europeia afirmou a vontade de atingir a neutralidade climática até 2050, e o hidrogénio verde tem sido apontado como uma das mais promissoras alternativas aos combustíveis fósseis.

Como é obtido o hidrogénio?

O hidrogénio consumido atualmente, principalmente na indústria, é na sua maioria designado por “cinzento”, e produzido a partir de Gás Natural por reformação com vapor. Este processo, além de Hidrogénio, gera também CO2. Por isso, a produção atual de hidrogénio é responsável por mais de 2% das emissões mundiais de CO2 nos dias de hoje.

O hidrogénio pode também ser obtido por um processo químico denominado eletrólise. A eletrólise utiliza a corrente elétrica para separar o hidrogénio do oxigénio presente na água. A aplicação desta corrente elétrica contínua a dois elétrodos submersos na água resulta na capacidade de atração de iões de carga oposta por cada elétrodo, assim decompondo as moléculas de água em oxigénio e hidrogénio (reação comummente designada por oxidação-redução).

O que é, então, o hidrogénio verde?

O hidrogénio verde é produzido por eletrólise, mas com uma fonte renovável enquanto geradora de eletricidade a montante.

No contexto do combate às alterações climáticas, garantir que a eletricidade usada no processo da eletrólise tem origem em fontes renováveis significa um evidente contributo para a descarbonização do planeta, já que isso se traduziria na produção de energias limpas, isto é, sem emissão de dióxido de carbono para a atmosfera.

Estimativas da Agência Internacional de Energia apontam para que a produção de hidrogénio a partir de fontes renováveis possa evitar a emissão de 830 milhões de toneladas anuais de CO2 para a atmosfera.

Porquê o hidrogénio como combustível?

Entre os elementos químicos, o hidrogénio é aquele que se encontra em maior abundância no planeta Terra — basta pensar que está, desde logo, presente em toda a água do planeta —, e não gera CO2 na combustão, nem no processo, se for verde. O uso do hidrogénio como combustível não é novo — já no início do século XX, carros e dirigíveis recorriam a este gás como fonte de propulsão. Em detrimento do uso alargado do hidrogénio, até aos nossos dias, contavam-se, porém, os custos elevados da sua produção e os elevados gastos de energia requeridos para o processo, quando comparado com outros combustíveis. A grande volatilidade e perigosidade à época associadas ao hidrogénio contribuíram também para o seu abandono como combustível comum.

O recurso a energia renováveis, especialmente num cenário de cada vez maior pressão e incerteza sobre os combustíveis fósseis poderá potenciar a descida do preço da produção do hidrogénio, tal como prevê o Conselho Mundial do Hidrogénio, que estima uma baixa dos custos associados em 50% até 2030, tornando-o uma opção mais atraente e eficaz no combate às alterações climáticas. A União Europeia definiu políticas especificas para o hidrogénio verde e vai impor limites mínimos de utilização em todos os setores.
 

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