Os organismos geneticamente modificados (OGMs) são agora um elemento básico da indústria alimentar, apesar de só terem sido introduzidos nas nossas vidas há algumas décadas.
Os OGMs são plantas de culturas geneticamente modificadas cujas características foram alteradas por técnicas de engenharia genética. O objetivo é geralmente aumentar o rendimento, melhorar as características da cultura, ou fornecer resistência contra herbicidas e pesticidas.
O conceito tem sido bastante revolucionário. Porém, infelizmente, há falta de provas ou estudos sobre a segurança a longo prazo do consumo destes produtos. Muitos consumidores hesitam em consumir OGM e certas organizações sem fins lucrativos (como o Projeto “Non-GMO”) surgiram numa tentativa de proteger o fornecimento de alimentos não-OGM.
Ao longo dos últimos anos, várias regiões em todo o mundo introduziram políticas rigorosas para regular a autorização e a rastreabilidade dos OGMs, desde a exploração agrícola até à mesa. Por exemplo, em muitos países em todo o mundo, é agora obrigatório rotular adequadamente todos os produtos que contenham OGM - embora exista um limiar pré-definido que determina se a rotulagem é ou não necessária. Este limiar difere de país para país, salientando a necessidade de um teste quantitativo e altamente sensível.
A legislação da UE determina que quaisquer produtos com um limiar de deteção por OGM igual ou superior a 0,9% devem ser rotulados como "contém OGM" (Regulamento (CE) n.º 1829/2003 do Parlamento Europeu e do Conselho de 22 de setembro de 2003). Por outro lado, quaisquer produtos que fiquem abaixo deste valor podem simplesmente ser rotulados como "não-OGM". É importante utilizar o método de deteção correto, uma vez que certos consumidores poderão acreditar que os produtos OGM são menos autênticos e menos seguros, o que consequentemente terá impacto nas vendas.
Apesar das suas conhecidas limitações, os testes PCR em tempo real têm sido há muito os métodos de referência para o rastreio de OGM em amostras de alimentos para consumo humano e animal.
O processo de utilização de resultados PCR quantitativos em tempo real para a quantificação de OGMs baseia-se numa curva padrão, com maior incerteza de medição em concentrações muito baixas. Também as amostras de alimentos e rações são incrivelmente complexas e contêm uma variedade de inibidores de PCR. Estes inibidores têm um impacto negativo na amplificação e podem conduzir a resultados falsos negativos.
Foi desenvolvida uma nova técnica chamada PCR digital (dPCR) para superar estas questões. É a terceira geração da tecnologia de PCR e oferece maior precisão, sensibilidade e quantificação absoluta do alvo. Com o ddPCR, o volume total da amostra de teste é dividido em milhões de partículas. Uma distribuição Poisson fornece então a quantificação absoluta graças a um sinal binário que mostra as partículas positivas “versus” as negativas. Ao dividir o volume de reação, o método dPCR é mais preciso e robusto, menos propenso a enviesamentos e mais tolerante aos inibidores.
Os peritos do nosso Centro de Competência SGS para Biologia Molecular desenvolveram e validaram um novo teste baseado na tecnologia dPCR para rastrear OGMs nas suas amostras de alimentos para consumo humano e animal. O nosso teste pode rastrear até cinco alvos (promotor 35S, terminador NOS, promotor FMV, gene pat e gene cry1ab/ac), ao mesmo tempo que amplifica os genes internos para milho, soja e plantas em geral. Isto permite-nos encontrar a percentagem relativa do conteúdo total de OGMs e confirmar a extração adequada de ADN (mesmo em amostras altamente processadas com elevados níveis de fragmentação de ADN).
Caso real
Um cliente pediu-nos para examinarmos uma amostra de bolachas de coco para detetar a presença de OGM. A amostra tinha sido previamente enviada para dois laboratórios que obtiveram resultados discordantes (não tivémos conhecimento dos resultados). O cliente acabou por querer saber se o coco que estava presente nos biscoitos tinha sido geneticamente modificado.
No laboratório da SGS testou-se os três diferentes alvos frequentemente introduzidos nos vegetais OGMs - promotor 35S, terminador NOS e promotor FMV. Devido à natureza complexa da amostra, foi solicitado ao cliente a análise tanto o produto final como a própria matéria-prima.
Os resultados do PCR em tempo real mostraram uma amplificação negativa com um ligeiro sinal abaixo do limite de deteção. Porém, com o dPCR, conseguimos confirmar a presença de OGM na amostra final. A tecnologia foi capaz de obter resultados precisos graças à sua tolerância aos inibidores e às capacidades de deteção doalvo em baixas concentrações.
Os resultados do ddPCR mostraram claramente que o produto tinha sido contaminado com soja geneticamente modificada durante as fases de processamento alimentar - as amostras em bruto eram negativas para o alvo OGM, mas positivas para o ADN da planta. Tendo detetado a presença de soja - um alergénio - o cliente tomou rapidamente todas as medidas necessárias.
É evidente que os testes dPCR fornecem resultados precisos, reprodutíveis e robustos, tornando-os uma ferramenta poderosa quando se trata de rastreio de OGMs.
Além disso, a SGS DigiComply utiliza tecnologia baseada em IA que lhe permite compreender o quadro regulador global, para que possa prever o risco e manter a conformidade com os requisitos de cada país, enquanto acede ao apoio de peritos da SGS.
SOBRE A SGS
Somos a SGS - a empresa líder mundial em testes, inspeção e certificação. Somos reconhecidos como a referência mundial em qualidade e integridade. Os nossos 9.000 colaboradores operam numa rede de 2.600 escritórios e laboratórios, e trabalham em conjunto para possibilitar um mundo melhor, mais seguro e interligado.
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